sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Vivendo e aprendendo com os animais. Como dizem: quanto mais eu conheço os humanos, mais eu gosto dos meus cachorros.

Quando se pensa que já se viu de tudo é aí que nos enganamos. Durante sete meses de convivência intensa com os animais - leia-se dentro da Fundação RIOZOO - aprendi que a maior lealdade vem dos animais. Considerados seres irracionais, observo sim, que irracionais somos nós. Só de lembrar do chimpanzé Paulinho - aquele mesmo que substitui o lendário macaco Tião - pedindo carinho ou apenas estendendo suas mãos para demonstrar o quanto gostava de mim (a ponta de seus dedos eram usadas para "catar piolho" - é assim que esses seres demonstram quando se sentem bem ao lado de alguém) já me dá saudade. A sinceridade de seus atos já estavam demonstradas em seu olhar (podem conferir na fotinha abaixo). Ele sim é que é feliz, por mais que digam que o animal está "preso". As pessoas esquecem que zoológico é o recinto de várias espécies que formam um plantel, e que ao entrarem lá as espécies têm de ser contempladas e admiradas. Enfim, o ser humano racional não consegue pensar nisso.
Paulinho: amor de verdade
Continuando o pensamento, ou será a narrativa? Aquele que nos chama de racional muitas vezes demonstram que de racional não existe nada. Uma prova? Todos os dias chegam animais vítimas da crueldade humana. E lá estão biólogos, veterinários, tratadores e uma mega-equipe para dar o direito de vida a tais bichinhos. Prova dissso é a jiboia, encontrada em agosto do ano passado, em poder de traficantes no Morro do Fubá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O bichano era usado para intimidar os desafetos da bandidagem. Resumo da história: o animal foi apreendido em uma operação policial e encaminhado para o Jardim Zoológico carioca. Chegando lá, constatou-se que o animal estava com a mandíbula fraturada (sabe-se lá como!). Qual foi a missão daqueles que ainda têm amor e dedicação de verdade? Salvar a vida da mesma. O responsável? O respeitado veterinário Daniel Balthazar.
Jiboia nas mãos do veterinário Daniel Balthazar
Em uma cirurgia inédita no País, o veterinário da Fundação RIOZOO, Daniel Balthazar, colocou uma prótese na mandíbula da jiboia. A ação chamou atenção da mídia e foi parar no jornal inglês The Guardian - aquele mesmo que a Rainha Elizabeth lê de manhã. Se já não bastasse a estória da pobre coitada, a bichinha ainda nem nome tinha e se morresse seria enterrada como indigente. Parece até piada, mas em votação inédita, via twitter, a jiboia - fêmea, de cerca de sete anos e medindo 1,70m - ganhou o nome de Surya (inspirada na novela Caminho das Índias - eita nome mais apropriado!). Mas nem tudo é tristeza. Surya ganhou fama e lá foi ela parar no programa Mais Você, de Ana Maria Braga. Não acredita? Então, acesse o link: http://maisvoce.globo.com/MaisVoce/0,,MUL1295923-10345,00-POPULACAO+PODE+ESCOLHER+NOME+DE+JIBOIA+ENCONTRADA+EM+FAVELA+DO+RIO.html
E de quebra Surya foi indicada ao Troféu Mais Você 2009, na categoria "Amigo dos Animais", juntamente com seu salvador: o veterinário Daniel Balthazar. Mais uma prova que os animais realmente são amigos. Já os humanos.....
Surya ainda com os pontos na mandíbula
Realmente, momentos incríveis para quem trabalha em um lugar abençoado por Deus e protegido por São Francisco de Assis - o protetor dos animais. E como não lembrar o caso de Paquinho e Paquita? Dois tamanduás-mirim que foram encontrados por funcionários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Rocinha a beira da morte. Como nem tudo está perdido, nem mesmo alguns humanos, os trabalhadores levaram o animal até uma clínica veterinária dentro daquela comunidade. Diante da gravidade e risco de morte - a mãe tinha dado a luz há dois meses e estava em coma, com escoriações e ferimentos na cabeça e o filhote, mesmo prostrado, agarrado nas costas da própria mãe - mais um ser humano que se salva levou os animais para o zoo. A primeira vista, o pensamento foi unânime: é muito pouco provável que a mãe resista. Mais uma vez, ou melhor, mais um ser humano que se salva, decidiu dar uma de babá do pequeno tamanduá e alimentou o bichinho todos os dias - leia-se de manhã, de tarde, de noite e de madrugada - um verdadeiro papel de mãe, ou melhor, mais uma vez do veterinário Daniel Balthazar. Na verdade um verdadeiro papel de profissional e de ser humano de verdade. Os dias se passavam, e decidi batizar o nome dos dois de Paquinho (filhote) e Paquita (mãe) em uma justa homenagem aos trabalhadores do PAC da Rocinha. Durante o dia Paquinho já mostrava que estava crescendo e aprontava nos corredores do hospital veterinário do zoo e, enquanto isso sua mãe, Paquita, continuava apenas deitada em coma.
Paquita em coma e seu filho Paquinho ao lado
Como um milagre e também com muito amor, Paquita demonstrou reação, saiu do coma e começou a luta por não ter sequela neurológica, o que lhe impossibiltava de ficar em pé por conta da falta de sustentação. Notamos que a presença de Paquinho ao seu lado lhe tranquilizava, mesmo com a mesma passando o dia inteiro deitada. Até que um dia de tanto o filhote de tamanduá mirim pertubar e querer leite materno - até então, ele só se alimentava de papinha especial - Paquita começou a produzir leite. Após quase três meses de dedicação, carinho e expectativas, eis que ambos sobreviveram e foram para um recinto ao ar livre. Mesmo assim, continuavam em observação e não foram expostos aos visitantes.

Paquinho já grandinho comigo e ainda dentro do hospital veterinário

Tudo parecia bem, ambos se alimentavam direitinho e a previsão era de expor os dois - que também ganharam as páginas dos jornais (coluna Gente Boa, de Joaquim Ferreira) - aos visitantes. Até que dias depois, mãe e filho deixaram de se alimentar e recusaram a comida que lhes era oferecida. Resultado: era preciso devolver ambos à natureza, pois morreriam de fome. Sinceramente, a natureza é espetacular, sábia e fascinante. E assim foi feito. Prontamente restabelecidos, Paquinho e Paquita foram soltos na Floresta da Tijuca onde voltaram para seu habitat natural. Coisas que o homem não pode ir contra e que os homens de bem têm a obrigação de fazer. Saudade de Paquinho é o que sinto, pois todo dia lá ia eu ao hospital veterinário ver como ele estava e ter notícias de sua mãe. Ele era lindo, esperto e brincalhão. No dia que fui lá me despedir dele, o bichinho até parecia que não me veria mais, pois ele não me largava e eu por vez não tinha coragem de virar as costas, afinal sabia que não o veria mais. Aff! Mais uma prova que bicho tem amor de verdade e demonstra afeto por aqueles que têm afeto por ele. Já os humanos....

Paquita, com cicatriz na cabeça, e Paquito antes de voltar para natureza

E por falar em afeto. O que falar de Zagallo? Aquela girafa macho vinda de São Paulo e que também ganhou as manchetes dos jornais. E o que falar de Marcelo Maia, o presidente da Fundação RIOZOO que sempre deixou claro: "não entendo nada de bichos, mas virei amigo do Zagallo."? E a recíproca era verdadeira. Era impossível quando se passava perto do recinto de Zagallo não ter afagos, cenouras, cafunés à disposição do galã. Mais uma prova do amor verdadeiro dos animais por aqueles que os amam verdadeiramente. Já os humanos...

Zagallo e Marcelo Maia: amor verdadeiro

Casos e mais casos são o que não faltam em um lugar onde não há espaço para a mentira entre os animais. Seja qual for a raça ou espécie, eles são verdadeiros. E é isso que aprendi com eles. Até quando eles não confiam em um ser humano eles demonstram - hahaha - como teve administrador tomando corrida ou bicada de bichano - kkkkkkkkkkkk! Ops! Desculpe! Então como ia dizendo, quando acho que já vi de tudo nesta vida, me engano. Apenas penso que Deus tem cada filho. Mas também completo: o pior é que Ele não rejeita nenhum. Por tanto, perdoe, passe por cima, finja que não viu, engolir sapo pode ser a melhor saída. Pois o tempo é o senhor da razão e a justiça há de aparecer no momento certo. Caso não concorde, vá viver com os animais. Certamente, eles não nos darão o que não querem dar. Assim aprendi a não sofrer mais e dizer: isso passa! Ou então a dizer: valeu a pena! E como valeu a pena a Fundação RIOZOO. Aos verdadeiros amigos que deixei lá, nos encontramos pela vida; aos que a gente leva na vasilina, apenas passou; e a Zagallo (girafa), Koala (elefante), Paulinho (meu namorado - rs!), Oscar (leão), Zel (tigresa), Neto (tigre), Ballu (urso-de-óculos), Zé Colméia (urso pardo), Paquinho e Paquita (onde estiverem) e a todos os 2.500 animais do plantel da Fundação RIOZOO vocês sim, merecem meu eterno obrigada. Obrigada pela fantástica lição. Valeu, realmente, a pena! O resto é o resto.









quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Até quando, o quando vai existir?

Tudo começou há um tempo atrás. Tempo esses que não voltam mais, mas que deixaram marcas profundas. Marcas essas de tristeza - em alguns casos - de decepção, em outros; mas acima de tudo uma pergunta: até quando? A resposta pode demorar um pouco, mas a vida e o tempo vão nos guiando. Hoje, vejo que posso, que sou capaz e que tenho forças que jamais um dia imaginava ter. É bem verdade que em alguns momentos tropeço e até me bate um desânimo. Mas logo penso, ou melhor, me questiono: até quando? O quando é algo que não tem resposta, mas você pode sim colocar um fim nele. Até quando você quiser que ele exista, ele vai existir. Agora, será que vale a pena essa existência? Então, pare, pense, analise, reflita, fique em silêncio e tome uma decisão. Certamente, aqueles ao seu redor vão se surpreender e só você mesmo verá o que realmente valeu a pena. Então, quando eu estiver contigo, poderás ver as minhas cicatrizes, e então saberás que eu me feri e também me curei.